Na atualidade, frente a inovações tecnológicas que propiciam contatos quase instantâneos com pessoas diferentes em locais inusitados do mundo, a questão interpessoal, que parecia estar resolvida, ganha destaque.
Segundo Pichon - Riviére, “no vínculo tudo implica ou se complica”. Hoje, esse conceito extrapola o ambiente clínico e invade o mundo do trabalho, pela interferência das relações interpessoais na produtividade e geração de valor das empresas.
A necessidade de gerar resultados inovadores e criativos torna imprescindível o trabalho em equipe. Por outro lado, lidar com as diferenças culturais, raciais, sociais e de ideias geram situações conflituosas. Tais situações, conforme sejam gerenciadas, podem levar à perda de foco da equipe, resultados abaixo do esperado e prejuízo à realização da tarefa ou missão da empresa. Se forem coordenados adequadamente, os conflitos podem ser transformados em ações cooperativas e gerar incremento de resultados, em que o todo é mais do que a soma das partes, como numa peça de mosaico.
Competir para cooperar ou cooperar para competir - como isso é possível?
Essencial na atualidade é desenvolver a competência de mediar conflitos nas equipes. Dessa forma a CO-OPERE apresenta a visão operativa sobre esse tema.
Nesta visão o conflito é visto como um dos momentos do desenvolvimento vincular de um grupo ou equipe de trabalho. Diante do novo, da eminência de mudança ou do inusitado, a confusão é a primeira resposta possível e o vínculo dependente, o melhor recurso encontrado. Para sair da confusão o grupo busca utilizar o mecanismo de discriminação... Analisa, percebe detalhes, diferencia aspectos, e o vínculo que se estabelece é aquele que se relaciona com parte do problema, ou parte da situação, dando margem para o aparecimento de conflitos. No grupo ou equipe de trabalho alguns escolhem um segmento da situação total, e outros preferem um segmento distinto. Ambas escolhas são possíveis, porém, parciais. Não percebem a totalidade e por isso “brigam” para convencer o outro lado de sua verdade. Para superar este momento é preciso um outro movimento grupal e quem co-ordena um grupo, ou o co-pensador, como chamou Pichon-Rivière precisa intervir de forma a que o grupo perceba que as duas escolhas fazem parte de um todo mais completo e que a articulação delas é possível a partir de uma atitude de cooperação.
A articulação dos opostos, portanto, não é eterna e nem estática, ela pede movimento e por isso o produto, fruto de uma ação cooperativa pode ser balançado a partir de um novo, novo e, portanto pode gerar nova confusão, novo conflito e nova articulação o que permite à equipe de trabalho um amadurecimento e um aprofundamento de suas relações interpessoais e de sua capacidade de transformar dilemas em problemas, já que é somente frente aos problemas é que é possível a busca de soluções.