Liliane Barbosa Corrêa
Um dia desses circulou na mídia televisiva uma reportagem sobre comportamentos aceitos em ambientes de trabalho. Uma especialista em gestão de pessoas descrevia comportamentos, adequados ou não, dos colaboradores nas equipes de trabalho. Também, as prováveis conseqüências ou punições que, nesse caso específico, era demissão para os colaboradores classificados como laranjas podres. Foram entrevistados também, alguns colaboradores de uma organização.
Chamou atenção a visão estereotipada e fragmentada, tanto da profissional que atuava na gestão de pessoas, quanto dos colegas de trabalho ditos e vistos como inconvenientes... E a necessidade de eliminar, de alguma, forma os inoportunos, os reclamões, os que levam problemas particulares para o ambiente de trabalho, os que riem e falam alto... Será que foi um caso isolado? Na empresa que você trabalha isso é diferente?
Quando profissionais integrantes de equipes de trabalho se dedicam a maior parte do seu tempo para reclamar e não para agir, isso pode dar pistas de que algo não funciona bem num grupo. A visão operativa, desenvolvida pelo psicólogo social Pichon–Rivière (2005), instrumentaliza gestores de pessoas a realizar leitura e intervenção grupal da situação sem focar em questões individuais. Na abordagem operativa, o grupo é visto como uma unidade em funcionamento. Isso quer dizer que o indivíduo é parte do grupo ao qual pertence e a ação dele resulta de um interjogo entre ele e o grupo e vice-versa (BARBOSA, 2007). Quando pessoas se reúnem para solucionar uma situação, podem surgir porta-vozes que manifestam os diferentes pensamentos, apreensões, crenças, medos, expectativas daquele grupo. O que emerge ou aparece por meio de integrantes de um grupo diz respeito e tem haver com a dinâmica deste. Quando o foco é na abordagem individual e não grupal, o problema persiste, pois ao eliminar o participante visto como “problema”, outro surge para ocupar o lugar do primeiro.
Desenvolver a visão de grupo é um desafio para profissionais que desejam coordenar grupos. Primeiro pela importância de superar a visão individual que é introjetada, na cultura ocidental, desde os primórdios da nossa experiência no mundo e integrar a visão de grupo como unidade funcional. Depois, não reforçar estereotipias, não cair na sedução ou na pressão do grupo para eliminar participantes que incomodam. E, finalmente, intervir de forma a possibilitar que o grupo pense sobre o que está acontecendo e integre o pensar, sentir e agir em direção ao cumprimento da tarefa ou missão da equipe e da organização.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Laura Monte Serrat Psicopedagogia e o Momento de Aprender. São José dos Campos: Pulso editorial, 2007.
PICHON-RIVIÈRE, Enrique Processo Grupal. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
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